VOO DA ESPERANÇA....
No ar mais uma nave metálica, cruza o espaço, com o seu barulho peculiar, estrondoso e contínuo num silvo comprido, me fazendo imaginar, o que, estará se passando no seu interior...
A viagem é longa de Lisboa à São Paulo, são 9 horas, de vôo e também de uma reflexão forçada. Os passageiros acomodados em suas poltronas, alguns dormem outros estão tensos, não conseguem relaxar na viagem, com os seus semblantes sérios, o olhar distante procuram na paisagem da janela repensarem as suas vidas.
Indagando a si mesmos onde foi que erraram e o quê, deixaram de fazer? Quantas foram às vezes, que eles cruzaram aquele céu buscando chegar mais rápido ao seu destino. Quantas situações eles reviveram, quantos projetos deixaram sem começar, e quantos outros eles começaram e interromperam antes que terminassem, dando prioridade as necessidades das suas famílias.
Muitas foram as partidas e chegadas, sem terem alguém a lhes esperarem no seu destino...Compromissos de trabalhos acumulados lhes faltaram tempo, para repensarem as suas vidas.
Ah, como a vida passou depressa!
Trabalharam tanto que não sentiram o tempo passar, o casamento acabou os seus filhos cresceram estão adultos, emancipados, dispensam deles uma maior assistência. Pais e filhos possuem idéias e ideais diferentes, conflitos de gerações, os aborrecimentos afrouxam os laços familiares e tornam os pais impotentes, diante das novas situações. Nas próximas viagens os motivos das suas vindas estarão enfraquecidos, para sentissem úteis, em voltarem ao seu país de origem...
As turbulências da viagem deixam os passageiros mais vulneráveis, e assim, em cada nuvem que a nave atravessa, eles depositam sobre elas a ESPERANÇA e o AMOR que trazem guardadas no seu coração, pelos seus filhos e pela sua pátria, que agora, poucas vezes, presenciarão o seu retorno.
No voo da Esperança eles traçaram uma nova rota no ar entre o seu novo domicílio e o pedaço de sí, que aqui eles deixaram...
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Essa crônica foi baseada, no relato e na mensagem de texto que recebi de um amigo:
Que esteve de férias em São Paulo, por quatro meses e naquela semana retornando no domingo a Lisboa, na quarta-feira seguinte me enviou uma mensagem de texto no celular, assim:
- Veja tamanha discrepância, minha filha resolveu casasse e essa semana retorno ao Brasil, para emancipá-la.
Pensando melhor, ele resolveu a emancipação da filha de outra forma, não retornando ao Brasil naquele vôo.
Sabendo o horário do seu vôo, comecei a escrever essa crônica...
E, somente os meus pensamentos, fizeram aquela viagem.