RABISCOS POÉTICOS

AMAR É FÁCIL PARA QUEM TEM MEMÓRIA PORÉM, ESQUECER É DIFÍCIL PARA QUEM TEM CORAÇÃO.

Textos


U.T.I.- UMA PARADA OBRIGATÓRIA


Primeira Parte:

Esclarecendo ao médico os sintomas e sendo medicada.

- Dei entrada no Hospital da Penha, roxa,  falando tudo enrrolado, para mim falava normal.
A pressão arterial P.A.- 30/21 - assustei o médico e  o corpo de enfermagem.
O médico experiente atuava na UTI me aplicou uma injeção que reverteu o quadro.


Segunda Parte:

Já me sentindo melhor...Tentei acalmar os meus filhos e os meus amigos.


Terceira Parte:

Dei entrada na U.T.I...

Meus pensamentos rodavam buscando, aclarar as minhas idéias...Eu, que não costumo, demonstrar fragilidade, estava ali pasma a mercê, daqueles aparelhos barulhentos que insistiam, em me manter acordada, reavaliando a minha vida...

Olhando pela janela, enxergava-se nitidamente o progresso vertical do bairro do Tatuapé. 

Isto, me fez lembrar a minha infância das viagens que fazia de bonde linhas -  Penha - Lapa   e  Penha - Bom Retiro  passando por entre os canteiros das chácaras daquele bairro tinhasse a impressão, que esticando o braço alcançaríamos, colher um pé de verdura daqueles canteiros...

Hoje temos a impressão, que cada pé de verdura, como num passo de mágica, foram transformados em edifícios...

Todos enfileirados, um ao lado do outro que nos impedem de enxergarmos os bairros mais próximos ao centro da cidade...

O bairro da Penha por estar localizado  em  uma colina enxergava-se do Santuário de Nossa Senhora da Penha, no topo da ladeira, até a Igreja São João no bairro do Brás. Hoje a visão só chega no pontilhão do Penha,  no fim da Avenida Celso Garcia e  início do bairro da Penha para quem vem do centro da cidade...

O barulho do trem interrompeu o meu devaneio vertical...

O trem desfilando nos trilhos do ramal variante, aquele mesmo que passava no fundo do meu quintal servindo de protagonista, de muitas estórias infantis.  Passeios imaginários, viagens longínquas, onde costumavamos  levar as bonecas e os amiguinhos, para um passeio diferente, um batizado de bonecas no campo...

Em cada estação, que o trem parava, subiam mais garotas (os), para a Festa de Batizado lotando todos os vagões do trem.

O barulho das buzinas dos carros parados, vindo do viaduto Aricanduva,  novamente  me trouxeram a realidade...


Hoje no bairro da Penha o viaduto é o único acesso rodoviário, aos bairros que ficam  do outro lado da Av. Radial Leste...

Novas lembranças, vieram me visitar...A rua Guaiaúna era passagem garantida,  para chegarmos a esses bairros...

Atravessando os trilhos do trem, no ramal tronco, cruzando a Av. Conde de Frontin chegávamos, ao morro do Guaiaúna, hoje é o bairro Aricanduva ...

Olhando de lá, o caminho percorrido a visão ficava mais bela, ornamentada, pelas flores da chácara Hortolândia, que beirava a estrada de Ferro Central do Brasil.

Continuei exercitando a minha mente, no esforço de reviver cada lembrança, trazida por aquela paisagem na janela,  já que o meu corpo mantinha-se, imóvel naquele leito de U.T.I...









 

SanCardoso
Enviado por SanCardoso em 18/12/2005
Alterado em 21/03/2019
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras