RABISCOS POÉTICOS

AMAR É FÁCIL PARA QUEM TEM MEMÓRIA PORÉM, ESQUECER É DIFÍCIL PARA QUEM TEM CORAÇÃO.

Textos


COMPARANDO O TEMPO...

Divagando, pelas lembranças, a lembrar de um tempo em que, os dias eram maiores, ou melhor, aplicávamos essas mesmas horas, de maneira tão prazerosa, que nos representavam horas mais longas, na duração de cada dia.

Uma vez por mês, eu e meu pai, fazíamos um passeio expressivo, um dia na praia, sempre na cidade de Santos-SP
Saíamos bem cedinho de casa, rumo ao centro da cidade, de lá, embarcávamos no ônibus Expresso Brasileiro – ou de trem Santos – Jundiaí, embarcávamos na estação da Luz -

A viagem de trem era a minha preferida, mas, viajávamos menos vezes, o percurso era maior e mais bonito, o contato com a natureza maravilhoso...Os pássaros multicoloridos, as araras,  cantavam voando naquele céu nublado,  as árvores típicas da serra do Mar, altos pés de manacás da serra, os ipês floridos, outras árvores frondosos, ao fundo ouvíamos o barulho das águas escoando pelas cascatas....chuá...chuá...

O trem com carros de 1ª e 2ª classes, vagão restaurante, um percurso de 2 horas e quarenta minutos de viagem, o trem, deslizava imponente, os vagões engatados, naqueles cabos de aços eletricos, sobre aqueles trilhos íngremes subindo e descendo a serra do Mar.

"Na Serra do Mar, de Paranapiacaba a Piaçagüera, o sistema cremalheira-aderência permite a passagem de um trem em cada sentido de 25 em 25 minutos, com até 500 toneladas de carga, e já existe em tráfego um trem nesse trecho, com mais de 400 toneladas, de 30 em 30 minutos, prestes, portanto, ao ponto máximo da capacidade." (*)


Meu pai em toda viagem contava as mesmas histórias, as mesmas ouvidas, pelas viagens que fazia com meu avô, Amando, seu pai, ia explicando tudo sobre a ferrovia, projetada, pelos ingleses, que estudaram bem as montanhas, implantando o sistema ferroviário aos moldes das ferrovias inglesas. Como funcionava a cremalheira - aderência, amarradas aos cabos de aços elétricos, que puxavam os vagões na subida e descida da serra. Chegando à estação Piaçaguera- Cubatão os vagões eram desengatados da Cremalheira.

"A transposição da Serra do Mar exigiu a construção de 13 túneis, inicio das obras em 1860 levaram 7 anos para serem construídos.- O mais extenso era 12° túnel, com 2.230 mts de extensão, os túneis foram alargados, por Paulo de Frontin em 1913.."(*).

Eu contava todos os túneis e ia avisando ao meu pai, que faltava pouco, para chegar, por que, já estava surda, pela pressão do ar, nos meus ouvidos...rss

Chegávamos à baixada e dava tempo de tomar um banho de mar, catar as conchinhas na areia, andar de bicicletas. Tudo antes do almoço. Depois, do almoço um passeio de bonde, pelas 7 praias da orla, fazíamos uma visita rápida, para a minha tia Dora, irmã do meu pai, que morava no Gonzaga. - Dependendo do tempo, a volta era de Expresso Brasileiro, e se meu pai estivesse com muita pressa de chegar em casa, era de carro Rápido Zefir.

Comparando esse tempo... Vejo que há décadas passadas, onde o progresso não imperava, onde a locomoção era precária, fazíamos mais coisas, aproveitávamos o tempo, sem deixar de realizarmos nenhum dos projetos planejados.

Hoje, para atravessarmos a cidade de São Paulo, ficamos horas presos no transito das marginais, sem chegarmos a lugar algum, sem realizar nenhum projeto.

Sinto não ter feito esse passeio com meus filhos e netos... Os meus filhos chegaram a conhecer a Estrada Velha de Santos e, por ela, admirávamos a mata virgem da serra do Mar e as cascatas ao fundo da paisagem. Depois, fecharam esse acesso, pelo perigo que representava aos visitantes.

São boas lembranças que não voltam mais...


(*) - (Pesquisa Google)

SanCardoso
Enviado por SanCardoso em 25/09/2012
Alterado em 14/10/2012
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